A doença celíaca, também conhecida como enteropatia glúten-sensível é um caso de doença autoimune que afeta o intestino delgado de adultos e crianças geneticamente predispostos.
Esta doença é precipitada pela ingestão de alimentos que contêm glúten, causando atrofia das «vilosidades» da mucosa do intestino delgado (que têm a função de aumentar a absorção dos nutrientes, podendo ser chamadas de dobras dos intestinos) com prejuízo na absorção dos nutrientes, vitaminas, sais minerais e água.
A sua prevalência na população europeia situa-se entre os 0,5 e os 1 por cento, com um rácio mulher/homem de 3:1. O quadro clínico de sintomas baseia-se nas alterações gastro - intestinais, combinando-se para formar o alerta para a eclosão da doença.
Destes sintomas destacamos a diarreia crónica com esteatorreia (formação de fezes volumosas, acinzentadas ou claras, geralmente com cheiro forte, que flutuam na água e têm aparência oleosa, ou são acompanhadas de gordura que flutua no vaso sanitário), cólicas abdominais, síndrome de má absorção e anemia ferropênica.
Outros sintomas a serem levados em conta são a palidez, atrasos de crescimento, défice ponderal (peso), astenia (fraqueza) e alopécia (a redução parcial ou total de pelos ou cabelos em uma determinada área de pele).
Outro conjunto de sintomas também pode denunciar a Doença Celíaca como, neuropatia, estomatite aftosa (mais conhecidas como aftas), osteoporose, insuficiência gonâdica (infertilidade e ausência de menstruação), ausência de definição de caracteres sexuais e secundários, dermatite herpétiforme, cãibras e tetania (espasmos involuntários dos músculos).
Por Germano de Sousa
Breve Histórico da Doença
Há milhares de anos, os povos
verificaram que era possível semear a terra e obter colheitas de cereais
diversos, entre eles o trigo, conhecido na fabricação de um dos mais antigo dos
alimentos, o pão. A partir daí, o seu rendimento era tal, que lhes permitiu
viverem no mesmo local sem a necessidade de andarem constantemente à procura de
alimentos. Uma conseqüência desta descoberta, foi a civilização, e outra foi o
risco de se ter a Doença Celíaca. No século II, um grego, Aretaeus da Capadócia
descreveu doentes com um determinado tipo de diarréia, usando a palavra
"Koiliakos" ( aqueles que sofrem do intestino ). Tudo leva a crer que já naquela
época ele se referia àquela doença que em 1888, Samuel Gee, um médico
pesquisador inglês descreveu em detalhes, achando que as farinhas poderiam ser
as causadoras da moléstia. Gee designou-a por "afecção celíaca", aproveitando o
termo grego, e, em seus escritos previa com grande intuição que "... controlar a
alimentação é parte principal do tratamento ... a ingestão de farináceos deve
ser reduzida ... e se o doente pode ser curado, há de sê-lo através da dieta
...".
A Guerra ajudou na descoberta
Durante a 2ª guerra
mundial, o racionamento de alimentos imposto pela ocupação alemã, reduziu
drasticamente o fornecimento de pão à população holandesa. Em 1950, o Prof.
Dicke, pediatra holandês de Utrech, verificou que as crianças com "afecção
celíaca" melhoraram da sua doença apesar da grave carência de alimentos.
Associou então este fato, com o baixo consumo da dieta em cereais.
A Engenharia oficial e a ousadia
Charlotte Anderson, de Birmingham,
demonstrou finalmente mais tarde por trabalhos de laboratório, que o trigo e o
centeio continham a substância que provoca a doença: o Glúten. J.W.Paulley,
médico inglês, observara entretanto num "celíaco operado", que a sua mucosa
intestinal não tinha o aspecto habitual, e este fato extremamente importante e
confirmado por outros pesquisadores, passaram a permitir um diagnóstico com
bases mais seguras. A importância desta descoberta aumentou, quando um oficial
americano, Crosby, e um engenheiro, Kugler, desenvolveram um pequeno aparelho
com o qual de podiam efetuar biopsias do intestino sem necessidade de operar o
doente. Este aparelho, hoje com pequenas modificações, ainda é usado para se
fazer o Diagnóstico da Afecção Celíaca, da Celiaquía, da Enteropatia sensível ao
glúten, do sprue celíaco, sprue não tropical, entre outros nomes que recebeu,
enquanto pesquisadores se convenciam de que se tratava da mesma doença.
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