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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Medicina Hiperbárica

Você já ouviu falar na câmera hiperbárica?


 


Medicina hiperbárica: o que é?
 
 
A Medicina Hiperbárica é o ramo da medicina responsável pelo estudo e implementação das normas técnicas e de segurança em ambientes pressurizados, aplicados para o tratamento das patologias causadas pelas variações de pressão sobre o organismo humano. É também responsável pelo estudo e estabelecimento de protocolos de tratamento para todas aquelas patologias para as quais o oxigênio sob pressão tem a função de potente ferramenta auxiliar de tratamento.
 
Para tanto, utilizamos as chamadas câmaras hiperbáricas.
 
Câmara Hiperbárica:
 
São equipamentos de paredes sólidas, com janelas que permitem a visualização do que está acontecendo dentro e  fora do equipamento, no qual o paciente entra para se tratar respirando oxigênio puro (a 100%), sob uma pressão correspondente a aproximadamente 10 a 20 metros de profundidade no mar. Dentro desse equipamento o paciente está em constante contato com a equipem médica, podendo assistir televisão e se movimentar dentro dos limites físicos do mesmo.
 
Normas de Segurança:
 
Há diversas normas de segurança que devem ser respeitadas. Dentre elas, uma das principais é não levar objeto algum para dentro da câmara. Todas essas normas são oportuna e detalhadamente explicadas para os pacientes e seus acompanhantes antes da primeira sessão.
 
Oxigenioterapia:
 
O oxigênio, quando administrado sob pressão, funciona como um medicamento. A elevada pressão desse gás no ar, quando ingerido, corresponde a um grande aumento da fração de oxigênio dissolvido no plasma. Esse aumento faz com que o gás se difunda a uma distância até quatro vezes maior, atingindo pontos que se encontram pouco oxigenados. Uma vez melhor oxigenadas, as células chamadas fibroblastos voltam a ter a sua função normalizada, com consequente estímulo na formação de novos capilares sanguíneos, aumento da ação bactericida e bacteriostática dos antibióticos, e formação de células responsáveis pela estrutura da pele.
 
Inúmeros trabalhos publicados em todo o mundo nos últimos 40 anos comprovam a eficácia da Oxigenioterapia Hiperbárica como excepcional ferramenta do tratamento médico, promovendo, entre outros efeitos, o retorno dos fibroblastos a suas funções normais. Isso culmina com a  aceleração de cicatrizações, melhora a qualidade da osteogênese e dos tecidos de granulação e um combate mais eficaz de infecções. Atua também de maneira sinérgica com determinados antibióticos, ou seja, aumenta a eficácia dos mesmos. Desta forma, pode auxiliar a reduzir ou até mesmo evitar procedimentos cirúrgicos mutilantes e excessivos, proporcionando uma recuperação mais rápida e com melhores resultados clínicos.
 
Propicia também um efeito mecânico de compressão de todas as bolhas gasosas (cuja maior utilidade é tratar patologias relacionadas ao mergulho), e uma ação sobre a formação de radicais livres (com função nos casos de lesões por isquemia-reperfusão). Todos os mecanismos anteriormente descritos estão envolvidos quando da utilização dessa modalidade terapêutica para queimaduras.
 
Utilidades:
 
Resumidamente, há indicação de se utilizar a oxigenioterapia hiperbárica para tratar de doenças descompressivas (relacionadas ao mergulho); embolia arterial gasosa (por mergulho, iatrogênica ou idiopática); deiscências e complicações de cirurgias, pancreatites e isquemias pós-transplantes; traumas com lesões por isquemia-reperfusão, com infecção secundária ou com abrasões; infecções de partes moles, como erisipelas, celulites e fasciites necrosantes, feridas refratárias (de difícil cicatrização); enxertos ou retalhos comprometidos; doenças arteriais obstrutivas e vasculites, doenças venosas e linfáticas, osteomielites e infecções em próteses, necrose asséptica de fêmur; queimaduras; lesões actínicas (originadas pela exposição à radiação ionizantes); e infecções odontológicas.

hiperbárica






As câmaras Hiperbárica podem ser de dois tipos.
 
As chamadas multipacientes (multiplaces) são pressurizadas com ar comprimido e comportam simultaneamente vários pacientes acomodados sentados, em poltronas ou macas, que fazem a inalação de oxigênio 100% puro através de máscaras ou capuzes. São acompanhados dentro da câmara, durante as sessões, por um enfermeiro treinado para orientá-los e atendê-los se necessário, que está em comunicação direta com o médico que assiste às sessões e intervém entrando na câmara através de uma antecâmara existente nas multiplaces; proporcionando assim mais segurança e conforto aos pacientes, conforto este também notado nas dimensões da câmara que mede 2 metros de diâmetro, o que minimiza às sensações claustrofóbicas que possam ocorrer.
 
Existem também as câmaras Hiperbárica monopacientes (monoplace), que permitem acomodar apenas o próprio paciente, deitado em maca, com pressurização direta com oxigênio puro. É importante salientar que não se caracteriza como Oxigenoterapia Hiperbárica a inalação de oxigênio 100% em respiração espontânea ou através de respiradores mecânicos em pressão ambiente, ou a exposição de membros ao oxigênio através de bolsas ou tendas, mesmo que pressurizadas, estando a pessoa em pressão ambiente.
 
 
Indicação e contraindicação:
 
Atualmente, a Oxigenoterapia Hiperbárica é aplicada em todo o mundo, tendo regulamentado protocolos nos EUA, Europa, Japão, China e Rússia, países que contam com centenas de câmaras instaladas em seus hospitais.
No Brasil é regulamentada oficialmente através de resolução do Conselho Federal de Medicina para sua utilização em todo território nacional.
 
A indicação e aplicação da Oxigenoterapia Hiperbárica são de exclusiva competência médica. Quando o médico prescreve o tratamento, o paciente é encaminhado ao centro Hiperbárica, onde será avaliado o caso para se determinar a duração e o número de sessões a serem realizadas. O paciente é fotografado para documentação da evolução e serão enviados relatórios periódicos documentados em fotos para o médico do paciente. Caso haja interesse do médico, ele poderá acompanhar pessoalmente ou através de relatórios. Ao final do tratamento, o paciente é reencaminhado ao seu médico de origem.
 
De acordo com a Resolução 1457/95 do CFM, as indicações para tratamento com Oxigenoterapia Hiperbárica são as seguintes:
  • Embolias gasosas;
  • Doença descompressiva;
  • Embolia traumática pelo ar;
  • Envenenamento por CO² ou inalação de fumaça;
  • Envenenamento por cianeto ou derivados cianídricos;
  • Gangrena gasosa;
  • Síndrome de Fournier;
  • Outras infecções necrotizantes de tecidos moles: celulites, fasciítes e miosites;
  • Isquemias agudas traumáticas: lesão por esmagamento, síndrome compartimental, reimplantação de extremidades amputadas e outras;
  • Vasculites agudas de etiologia alérgica, medicamentosa ou por toxinas biológicas (aracnídeos, ofídios e insetos);
  • Queimaduras térmicas e elétricas;
  • Lesão refrataria: ulceras de pele, pés diabéticos, escaras de decúbito, ulcera por Vasculites auto-imunes, deiscência de suturas;
  • Lesões por radiação: radiodermite, osteorradionecrose e lesões actínicas de mucosas;
  • Retalhos ou enxertos comprometidos ou de risco;
  • Osteomielites;
  • Anemia aguda, nos casos de impossibilidade de transfusão sanguínea;
Essa resolução, de 1995 aponta grupos de patologias para cujo tratamento pode ser indicado OHB adjuvante às demais medidas terapêutica ou eventualmente exclusivas.
 
 
Contraindicações:
 
Assim como qualquer medicamento, a OHB tem suas contra- indicações e seus efeitos.
A presença do dreno de tórax não é contra- indicação para a OHB; portanto, o paciente com pneumotórax drenado pode receber a OHB em câmara multiplace.
Os medicamentos antineoplásticos têm seu efeito citotóxico potencializado pela OHB. O sulfamilon inibe a anidrase carbônica que tem por efeito promover retenção de CO2 e vasodilatação, por isso deve ser removida da pele do paciente antes de receber OHB.
As contra- indicações relativas, uma vez tratadas ou reavaliadas quanto aos fatores de risco e benefício, podem ser encaminhadas para a OHB. Infecções das vias áreas superiores levam ao risco de o paciente vir a ter barotrauma da orelha média ou dos seios da face. Esses riscos podem ser tratados com descongestionantes nasais tópicos e, se houver necessidade, pode-se indicar a meringotomia profilática. Pacientes em estado de inconsciência são propensos a desenvolver barotrauma da orelha média, devido à incapacidade de equalizar as pressões, por isso devem ser submetidos à meringotomia bilateral.
 
Os pacientes com enfisema pulmonar podem sofrer ruptura de uma bolha e desenvolver um pneumotórax hipertensivo durante a descompressão da câmara hiperbárica. Nessa situação, a descompressão deve ser suspensa e o médico precisa realizar uma toracocentese com a colocação de um dreno de tórax no paciente dentro da câmara.
Há evidências, por meio de estudos experimentais em animais, de que a OHB pode aumentar a incidência de malformações congênitas quando aplicada no início da gravidez. Casos relatados de mulheres grávidas com mais de 12 semanas de gestão que necessitaram do tratamento por OHB, durante a gestação, tiveram seus filhos saudáveis e sem anormalidade.
 
Paciente com febre incontrolável está predisposto a ter convulsões. Nesses casos, a temperatura deve ser diminuída antes de o paciente entrar na câmara hiperbárica. Pacientes com história de convulsões, ou em tratamento por doença convulsiva devem manter a medicação. Caso ocorra uma crise convulsiva, durante o tratamento de OHB, se esse fato ocorrer dentro de uma câmara multiplace, é suficiente a retirada da máscara, mas se não aliviar pode ser necessária a administração de fenobarbital. A crise convulsiva ocorre devido aos efeitos tóxicos do O2 e tem uma incidência de 0.01% em 28.700 tratamentos sob 2,4 ATA 82.O uso de vitamina e diariamente pode auxiliar na profilaxia desses efeitos.
 
A miopia é um efeito colateral frequente relatado pelos pacientes que são submetidos ao tratamento de OHB. Esse efeito é reversível e desaparece gradualmente após o término do tratamento com OHB. Quanto à catarata, a teoria mais aceita é explicada pelos danos provocados nas proteínas do cristalino pelos radicais livres de O2. Em geral essa lesão raramente ocorre em pacientes que receberam menos de 200 sessões de OHB. Os pacientes de maior risco são os idosos. A ingestão diária de vitamina C e E age com agente profilático contra essa complicação.
 
Paciente submetido à cirurgia de otoesclerose tem risco de sofrer ruptura da janela redonda, assim como o paciente com história de cirurgia torácica recente deve ser avaliado pelo especialista da área antes de iniciar o tratamento com OHB.
Em paciente portador de esferocitose, a OHB aumenta a hemólise. A claustrofobia pode ser um problema sério para os pacientes que necessitam OHB, devido ao confinamento em espaço fechado, que melhoram com o uso de ansiolíticos. Outros podem necessitar de tratamento psicológico ou psiquiátrico.
  • ABSOLUTAS
  • Pneumotórax não tratado
  • Uso de BLEOMICINA no passado
  • Uso atual de Sulfamilon, Adriamicina, Dissulfiram e Cisplatina
  • RELATIVAS
  • Infecções das vias aéreas superiores
  • História de convulsões
  • Enfisema pulmonar com retenção de CO2
  • Febre alta
  • Cirurgia torácica recente não drenada
  • Cirurgia para otoesclerose
  • Esferocitose congênita
  • Miopia e catarata
  • Claustrofobia
  • Gravidez
 
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