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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Reabilitação: superando limitações

Reabilitação: superando limitações

Com abordagem holística, a reabilitação busca proporcionar autonomia e qualidade de vida à pessoa com deficiência
 
 
Nos vários âmbitos da sociedade há um positivo avanço da conscientização, das políticas e das práticas em favor da acessibilidade – um conceito que não envolve apenas a eliminação de obstáculos (físicos ou não), mas abrange todos os aspectos que possam favorecer o pleno desenvolvimento humano e a inclusão das pessoas com deficiência. Os serviços de reabilitação passaram a adotar um olhar mais abrangente, combinando avanços tecnológicos, equipes multidisciplinares especializadas e abordagem do perfil funcional de cada paciente para que pessoas com algum tipo de limitação física imposta por uma doença ou acidente reconquistem a autonomia, a qualidade de vida e todos os acessos a que têm direito, com plena segurança.
 
É abrangente a diversidade de recursos de reabilitação que promovem a reintegração das pessoas que apresentam limitações que interferem no desempenho funcional das atividades rotineiras. “Tivemos nos últimos anos uma evolução importante tanto no aperfeiçoamento dos profissionais que atuam em reabilitação como no avanço da tecnologia”, afirma a terapeuta ocupacional Maria Tereza Augusto Ioshimoto, coordenadora de Terapia Ocupacional do Einstein. Um exemplo simples, segundo ela, são as cadeiras de roda. “Antes, o paciente que alugava um equipamento desses não tinha escolha: uma mesma cadeira servia para pessoas de diferentes estaturas e pesos. Hoje, a cadeira é mais personalizada, com encosto, assentos, apoios de cabeça, braços e pés adaptados e uma variedade enorme de almofadas que minimizam os riscos de aparecimento de escaras e proporcionam mais segurança, conforto e bem-estar”, explica. “Isso sem falar da leveza dos materiais hoje utilizados na fabricação das cadeiras de rodas, que facilitam o manuseio e o deslocamento dessas pessoas. Os indivíduos que usam cadeiras de roda, mas não têm condições de se deslocar com ela de forma independente podem fazer uso dos modelos motorizados, que não exigem nenhum esforço físico. Tudo isso, além de melhorar a qualidade de vida do indivíduo com deficiência, integra mais a pessoa que tem algum tipo de limitação”, completa a fisioterapeuta Fátima Cristina Martorano Gobbi, gerente de Serviço Multiprofissional do Einstein.
 
Em instituições de saúde estruturadas, o trabalho de reabilitação pode começar já na fase aguda, quando o paciente ainda se encontra na unidade de terapia intensiva, por exemplo. A intervenção precoce ajuda a prevenir deformidades, otimizar o resultado funcional e evitar ou minimizar complicações relacionadas à imobilidade e permanência prolongada no leito.
Atualmente, os centros de reabilitação estão mais bem equipados, com uma gama de atividades desenvolvidas para a realização de treinamentos diários objetivando capacitar essas pessoas ao novo perfil funcional adquirido. São espaços que se parecem cada vez mais com modernas academias, com equipamentos diversos, recursos robóticos e games para exercícios motores e cognitivos, dependendo do perfil do paciente atendido. A equipe ideal congrega um time multiprofissional: fisiatras, cardiologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, enfermeiros, fonoaudiólogos e nutricionistas.
 
Os cuidados, porém, devem acompanhar o paciente para além das fronteiras do centro de reabilitação. Hoje, há instituições que oferecem consultoria especializada, com avaliações de adequação ambiental para garantir à pessoa com algum tipo de limitação o máximo de conforto, acessibilidade e segurança na residência, local de trabalho ou de estudo. “Na casa de um paciente que se tornou usuário de cadeira de rodas, andador, bengala, muletas ou mesmo que apresente apenas uma alteração de equilíbrio, se faz necessário realizar uma avaliação ambiental, na qual são analisados aspectos como largura das portas, corredores, presença de escadas, desnível e irregularidade de piso, entre outros. No caso de um paciente idoso, com locomoção ou visão limitada, devem ser observados riscos que indiquem a importância de instalação de barras de segurança ou de sensores de presença com iluminação, por exemplo”, afirma Maria Tereza.
“O profissional vai à casa do paciente, fotografa tudo e analisa as barreiras existentes no ambiente que impedirão a funcionalidade do paciente ou a participação nas atividades familiares. O domicílio é inteiramente mapeado e são propostas facilidades que a pessoa com deficiência precisa para ter independência”, explica Fátima Cristina. Segundo as profissionais do Einstein, há soluções bastante simples. Por exemplo, um piso escorregadio no banheiro pode receber a aplicação de um líquido especial que, em duas horas, o torna antiderrapante, sem necessidade de ações mais drásticas, como a remoção do piso. Um banco retrátil pode facilitar o banho do paciente com problema nos membros inferiores e, depois de utilizado, como é escamoteável, o espaço é liberado para o uso tradicional das demais pessoas da casa. “Além dos pacientes, é importante pensar também no conforto e ergonomia das demais pessoas da família e cuidadores, evitando ambientes ou áreas segregadas dentro da casa”, ressaltam.
 
Em resumo, sob um olhar técnico, os profissionais que atuam nesse tipo de consultoria identificam restrições e riscos potenciais, sugerem melhorias, com orientação para ajustes arquitetônicos e incorporação de equipamentos e instrumentos mais adequados. A ideia é ter um ambiente acessível, confortável, seguro e acolhedor para a pessoa com deficiência e também para aqueles que com ela convivem.
Além disso, novas frentes se abrem, como os recursos de telemedicina que, de certa forma, “levam” o centro de reabilitação para a casa do paciente: por meio de programas informatizados e mediante uma orientação inicial preliminar, exercícios de reabilitação podem ser executados pela pessoa na própria residência, sendo monitorados à distância pelas equipes médicas.
 
Se o trabalho da reabilitação, assim como todo processo assistencial, tem de ser centrado no paciente, este também deve ser envolvido nas decisões. O paciente ajuda a detectar as barreiras que dificultam ou limitam as atividades e compartilha as decisões sobre o próprio processo de reabilitação. Segundo Fátima Cristina, essa é uma abordagem alinhada com a International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF), referencial da Organização Mundial da Saúde para mensurar a incapacidade de um indivíduo, levando em conta restrição de habilidades ou capacidades para executar atividades e tarefas na forma considerada normal. “Com o ICF, houve uma mudança de conceito e a reabilitação passou a enxergar não mais a deficiência, mas o que a pessoa tem de potencial”, diz a fisioterapeuta. “A reabilitação tem de usar todos os recursos profissionais e tecnológicos disponíveis, adotando um olhar abrangente. A pessoa com deficiência ou limitação tem de ser incluída num sentido amplo – incluída na família, no trabalho, na vida social... Só então acaba o trabalho da reabilitação”, finaliza Maria Tereza.
 

Veja nossa divertida animação sobre como podemos lidar com a deficiência dos outros:

 
 
 
 
 

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