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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Brian Hare: "A domesticação tornou os cães capazes de decifrar as nossas intenções”

Brian Hare (Foto: Divulgação)

 
Para o especialista em psicologia canina, o convívio com humanos fez os cachorros desenvolverem inteligência social e um processo de aprendizagem semelhante à de crianças pequenas
 
Se você tem ou teve cachorros, já deve ter se perguntado no que eles costumam pensar. O antropólogo americano Brian Hare, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, dedica sua vida para decifrar como eles pensam. Hare gosta de se identificar como dog guy (o cara dos cachorros), tamanho seu fascínio por cães. Na faculdade, aprendeu que a comunicação por meio de gestos, como mímicas, era habilidade exclusiva dos humanos. Mas sabia que seu cão Oreo conseguia entender seus recados e comandos. Após aplicar uma série de testes para verificar sua memória e raciocínio, teve certeza: Oreo era mais esperto do que imaginava.
 
A curiosidade inicial impulsionou os anos de pesquisa que viriam a seguir, cujos principais resultados podem ser conferidos em seu novo livro The Genius of Dogs: How dogs are smarter than you think (O gênio dos cachorros: por que eles são mais espertos do que você imagina, com lançamento no Brasil previsto para novembro pela Editora Zahar), escrito em parceria com sua mulher, Vanessa Woods. Segundo Hare, o convívio com humanos teria feito com que cães desenvolvessem um sistema de aprendizagem semelhante ao observado em crianças pequenas. Eles conseguem ler os sinais de seus donos e, em alguns casos, imitá-los e reproduzi-los quando necessário. Assim como as crianças pequenas e seus pais. “Se apontamos algo a um bebê, ele entende sobre o que estamos falando – ainda que não saiba exatamente o que está sendo dito”, diz Hare. Outro exemplo seria o latido, uma forma de imitar a fala humana. De acordo com Hare, membro do Conselho de Neurociência Cognitiva da Universidade Duke, os lobos, ancestrais dos cães, raramente latem para se comunicar. Para ele, cães latem porque nos veem falando.
 
 
Dognition (Foto: Divulgação)
 
As conclusões sobre o funcionamento da mente canina ainda são incipientes. Brian Hare diz nesta entrevista a ÉPOCA que sua pesquisa está apenas no começo. Sob sua liderança, um time de pesquisadores toca o Dognition,  plataforma online lançada em fevereiro deste ano para ser o maior banco de dados do mundo sobre cães. O objetivo do projeto é reunir informações prestando um serviço para donos de animais de todo o planeta. Após fazer o cadastro e pagar uma taxa (que varia de US$ 39 a US$ 147, de acordo com o plano), a pessoa recebe quais testes de aplicar no cão, em forma de jogos. Ao informar os resultados observados, o usuário recebe um perfil cognitivo de seu pet, que basicamente diz qual o seu tipo de comportamento. Para Hare, as informações coletadas podem dar origem a pesquisas que vão facilitar desde o adestramento à identificação de cachorros aptos a designar atividades específicas, como os farejadores e os cães-guia. Com respostas sobre como pensam, nossa relação com eles só tem a ganhar.
 
 
Clique no link abaixo e veja a entrevista com Brian sobre esse assunto:
revistaepoca


[ Tenho uma cachorra da raça Cocker com 12 anos e com certeza ela entende meus gestos e mímicas e ela se faz entender assim também. Outro dia estava na Pet com ela, e me demorei um pouco para sair, ela já estava na porta me esperando para ir embora o mais rápido que pudesse, claro. Não deu outra, como eu estava demorando, ela veio na minha direção, pulou nas minhas costas e foi para porta dando um latido alto e forte de indignação com meu atraso, mostrando a porta para mim. Que bichinha esperta!]

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