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quarta-feira, 19 de março de 2014

FISIOTERAPIA NO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM)












 
Todos acompanharam no final de semana a a recuperação do humorista Renato Aragão, de 79 anos, após sofrer um infarto agudo do miocárdio. Foi internado às 12h40 de sábado no hospital Barra d'Or, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Segundo boletim médico divulgado neste domingo, Didi passou por uma angioplastia e permanece na unidade coronariana do hospital. Ele continua internado e o quadro é estável. De acordo com o hospital, o humorista está sob observação e outras informações sobre o caso não serão divulgadas a pedido da família do humorista. De acordo com a revista Contigo, o ator passou mal após a festa de aniversário de sua filha, Livian. Até a divulgação do primeiro boletim médico, às 16h30 deste domingo, a informação era de que Didi teria sofrido uma crise hipertensiva e estaria em observação no hospital para fazer exames.
Ontem, 18/03/2014, o humorista fez uma entrevista para o Jornal Nacional, onde se mostrou muito bem, corado e brincando com uma bola de futebol.
 
Mas como é a vida de pós infarto?
Até os anos 60-70, recomendava-se repouso de três semanas aos pacientes que se recuperavam de IAM, baseando-se no pressuposto de que o repouso facilitaria o processo de cicatrização do miocárdio. Entretanto, observou-se que o repouso prolongado no leito resultava em alguns efeitos deletérios. O exercício físico pode aumentar a capacidade de função cardiovascular e diminuir a demanda de oxigênio miocárdico para um determinado nível de atividade física.
A reabilitação na fase aguda do infarto objetiva reduzir os efeitos deletérios de prolongado repouso no leito, o controle das alterações psicológicas e a redução da permanência hospitalar.
Além disso, a longo prazo, o exercício pode ajudar a controlar o hábito de fumar, a hipertensão arterial, dislipidemias, diabetes mellitus, obesidade e a tensão emocional. Há evidências de que exercício regular, realizado por longos períodos, possa influenciar na prevenção da aterosclerose e na redução de eventos coronários, sendo necessária a atividade regular para manter os efeitos do exercício. Avaliação médica adequada, educação e orientação reduzem o risco potencial da atividade física mais intensa.
Objetivos - O principal objetivo dos programas de reabilitação cardíaca é permitir aos cardiopatas retornar, o quanto antes, à vida produtiva e ativa, a despeito de possíveis limitações impostas pelo seu processo patológico, pelo maior período de tempo possível.
Poderiam ainda ser apresentados outros três objetivos específicos:

1) restaurar à sua melhor condição fisiológica, social e laborativa pacientes com doença cardiovascular;

2) prevenir a progressão, ou reverter o processo aterosclerótico, nos pacientes coronariopatas, ou em alto risco de vir a desenvolver doença obstrutiva coronariana;

3) reduzir a morbi-mortalidade cardiovascular e melhorar da sintomatologia de angina de peito em coronariopatas. Isto é, aumentar a quantidade e a qualidade de vida.
 
 
Fases de reabilitação no paciente infartado - Considera-se a reabilitação pós-infarto dividida em 3 fases : 

Reabilitação fase I - aguda, as atitudes de reabilitação tomadas durante o período  compreendido desde o início do evento coronário até a alta hospitalar;
 
Reabilitação fase II - corresponde àquelas desenvolvidas no período de convalescença, entre a alta hospitalar e o período de 2 a 3 meses após o infarto;
Reabilitação fase III - de recuperação e manutenção, compreende os procedimentos após o 3º mês.
 
Estes períodos podem ser variáveis, de acordo com a situação clínica de cada paciente.

Reabilitação fase I - Muitos dos efeitos deletérios logo após o infarto podem ser minimizados aplicando-se estresse gravitacional, colocando o paciente sentado e em pé algumas vezes durante o dia. Embora a redução da capacidade funcional secundária ao repouso no leito possa ser evitada também com exercícios físicos do tipo aeróbico, não há necessidade de que a atividade física seja intensa.
 
Portanto, a fase I de reabilitação pós-infarto do miocárdio segue a estratégia de mobilização precoce, sentando o paciente e colocando-o em posição ortostática assistida, realizando movimentação passiva das articulações, complementada, no período mais tardio da internação hospitalar, por deambulação.
 
O resumo de um programa de reabilitação fase I, orientado para pacientes que não apresentam complicações é apresentado no quadro II.

Quadro II - Programa de reabilitação intra-hospitalar (fase I) pós-infarto do miocárdio
 
Nível 1 - Primeiros 2-3 dias na Unidade de Tratamento Intensivo

• Sentar no leito, balançar as pernas, sentar na cadeira ao lado do leito
• Posição ortostática assistida ao lado do leito
• Exercícios passivos no leito
• Alimentação sem ajuda;
• Evacuar sentado ao lado do leito
• Banho no leito, higiene pessoal sem ajuda no leito
 
Nível 2 - De 3 a 5 dias na Unidade Intermediária ou de Internação
 
• Movimentação ativa de todas as extremidades
• Sentar na cadeira conforme a tolerância
• Deambulação assistida no quarto
• Utilização assistida do banheiro, inclusive banho assistido
 
Nível 3 - De 4 a 8 dias na Unidade de Internação
 
• Caminhar no corredor, chegando até 90-100m 2x/dia
• Descer um lance de escadas, retornando de elevador
• Utilização independente do banheiro 

As atividades relacionadas no quadro II são supervisionadas pela equipe de enfermagem e, em alguns centros, pelas equipes de fisioterapia,  atentando sempre para sinais e sintomas como angina, dispnéia, tonturas, sinais de baixo débito e arritmias. Recomenda-se que o pulso não aumente mais do que 20bpm em relação ao repouso. Da mesma forma, a pressão arterial sistólica deve ser observada, evitando-se hipotensão postural.
Teste ergométrico na fase aguda do infarto (teste ergométrico precoce)
 
 
Habitualmente realiza-se um teste ergométrico na fase aguda do infarto (teste ergométrico precoce), por ocasião da alta hospitalar em pacientes sem complicações cardiovasculares. Este teste objetiva primariamente a estratificação de risco e programação da atividade física. Para este teste devem ser utilizados protocolos especiais que iniciem com pequena intensidade de trabalho e baixo gasto energético, quantificados em equivalentes metabólicos de repouso (METS). Para a esteira rolante sugere-se o protocolo de Naughton e o protocolo de Bruce modificado.
Em cicloergômetro, recomenda-se cargas iniciais de até 30watts, (frequentemente é desejável começar com carga zero) com incrementos de 10 a 30watts a cada estágio, com duração de 1 a 3 min por estágio.
Os quadros III e IV resumem os elementos de contra-indicação e os critérios de interrupção do teste ergométrico precoce no infarto. O quadro V descreve a escala de Borg utilizada para avaliação da percepção da quantidade de esforço pelo paciente. Alguns centros melhor aparelhados têm realizado a ergoespirometria que faz uma avaliação mais global do desempenho cardiopulmonar durante o exercício, permitindo entre outros aspectos, identificar a origem pulmonar ou cardíaca para a dispneia de esforço e a determinação do limiar ventilatório, facilitando sobremaneira a prescrição do exercício na fase II da reabilitação cardíaca.
 
 
Leia toda a matéria aqui: fisioterapia.com

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