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quarta-feira, 29 de julho de 2015

Analfabeto até os 18, ele sobreviveu à tuberculose e se tornou médico

Com 80 anos, José da Luz costuma dizer que a tuberculose foi a sua grande chance na vida

José Alves da Luz, 80 anos, aprendeu a ler e escrever no hospital, enquanto se recuperava de uma tuberculose. Para ele, a doença abriu as portas da educação e mudou a sua vida.
 
 
Por mais inusitado que pareça. José Alves da Luz, 80 anos, costuma dizer que uma tuberculose grave foi a sua maior chance. Aos 18 anos e ainda analfabeto, o diagnóstico da doença era como uma sentença de morte naquela época. Dois tios dele já tinham morrido da doença infecto-contagiosa. Ele inclusive foi enviado a um sanatório em Teresina (PI) com uma receita médica e a extrema unção, o sacramento católico dedicado aos enfermos graves. Mas José da Luz não só sobreviveu, como aprendeu a ler, escrever e já aos 35 anos estava formado como médico radiologista. 
 
 Ele seguiu a velha estratégia de traçar uma meta e segui-la. “Tem sempre um ponto no horizonte que a gente olha”, teoriza. No caso de José da Luz, ele sempre quis estudar. Quando criança na região de Abóboras, em Picos, a 307 km de Teresina, só a mãe – que morreu quando ele tinha apenas 12 anos – e um tio paterno sabiam ler. “Eu achava aquilo tão bonito, tão bom, que ficava com vontade de estudar também”.

Mas a realidade era a da lida na roça e da pobreza no sertão nordestino da década de 1940. Na área em que morava, nem escola tinha. Quando chegou ao sanatório em Teresina, as religiosas que administravam o lugar “acharam um completo absurdo alguém naquela idade ainda não ter sido alfabetizado” e então ele passou a ter aulas no hospital mesmo com as freiras.
 
“Se tem uma pessoa que eu gostaria de ter encontrado novamente na vida para contar tudo o que aconteceu era a irmã Tereza, que me ensinou a ler e escrever. Mas nunca mais eu vi”, lamenta.
A identificação com as letras foi rápida e extrema. Ele não parou mais de estudar. “
 
“Eu fui alfabetizado no mesmo ano que o Getúlio Vargas se suicidou, para você ter uma ideia”, relata. De acordo com dados do censo demográfico daquela época, a população brasileira era formada por cerca de 52 milhões e a taxa de analfabetismo era da ordem de 52%. José da Luz não era mais um deles, mas tinha muito ainda que estudar na vida. 
 
 
 José Alves, gente que faz a diferença!
 
 
 
ultimosegundo.

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