Para os estudiosos da genética, as diferenças da cor da pele nas raças humanas são insignificantes. Mas é estarrecedor vermos sua capacidade de produzir, como nas políticas do apartheid, algumas das páginas mais cruéis da história da humanidade.
Após 508 anos de miscigenação, os cariocas - os brasileiros, de um modo geral - não têm uma cor, mas muitas cores. Praias e ruas de qualquer lugar da Europa, América do Norte, Ásia ou África sempre mostram ao menos uma cor dominante. No Brasil, em especial no Rio de Janeiro, não é assim.
Segundo o Censo de 2007, a escala de cores da pele dos brasileiros vai a 144 tonalidades diferentes. Duzentos anos atrás, éramos outro país. A cor negra caracterizava 54% da população. Hoje, essa proporção é de somente 6%, enquanto quase a metade da população é de cor mista. "Entre o branco e o negro, a maioria não é nem uma coisa nem outra", escreve a bióloga e jornalista italiana Barbara Bernardini.
Outra descoberta é a confirmação, "in natura", do que a biologia vem descobrindo nos últimos anos. A cor da pele nas diversas etnias não se deve somente a um mecanismo de resistência aos raios ultravioleta do sol, mas a duas vitaminas presentes na pele de todo mundo - a D e o ácido fólico, do grupo B. As duas reagem de formas opostas aos raios solares: enquanto a vitamina D se multiplica, o ácido fólico degrada-se rapidamente quando a pele é exposta ao sol. Ambas, porém, são extremamente necessárias à vida humana e isso obrigou a natureza a agir a favor das duas. Por um lado, facilitando a produção de vitamina D e, por outro, dificultando a perda de ácido fólico sob a luz solar. A cor da pele faz essa proeza.
Quanto mais melanina, mais escura é a pele - mas por que mais melanina? Porque, sob o sol forte das regiões equatoriais, a cor escura protege o ácido fólico sem impedir a produção de vitamina D pelos raios UV do sol. Inversamente, quanto menos melanina, mais clara é a pele, e a razão disso é que, nas regiões onde a insolação é menor, o ácido fólico não precisa da mesma proteção, mas a pele tem de produzir a mesma quantidade de vitamina D. Por isso, os habitantes do norte do planeta são majoritariamente brancos.
A PRODUÇÃO DE VITAMINA D pelos raios solares e a manutenção dos níveis de ácido fólico no organismo são vitais para a geração de fetos humanos sadios. Sem essas duas vitaminas em equilíbrio, as chances de malformações nos embriões são muito grandes. Em resumo, a cor da pele humana se deve a um ajuste natural cujo objetivo é assegurar a procriação de seres normais - a perpetuação da espécie.
A melanina não é um filtro genérico, mas um meio desenvolvido para proteger ao máximo a pele de um certo tipo de raio UV que atinge o sangue e destrói o ácido fólico nos vasos sangüíneos da epiderme", explica a bióloga e antropóloga Nina Jablonski, da Penn State University, dos Estados Unidos. "Esse ácido atua na síntese do DNA. Sem ele, os espermatozóides não se formam corretamente e o feto gerado terá gravíssimos defeitos congênitos, como anencefalia e atrofia da coluna vertebral."
Esse tipo de malformação era responsável por 15% das mortes pré-natais até que, em 1989, a australiana Fiona Stanley, do Medical Research Council, descobriu que, adicionando ácido fólico à dieta de mulheres grávidas, podia-se prevenir 70% destes defeitos.
"A vitamina D não serve somente para fixar o cálcio nos ossos. É indispensável ao sistema imunológico, ao sistema nervoso e ainda condiciona o ciclo menstrual. A forte carência de vitamina D não é compatível com a vida, muito menos com a reprodução", diz Nina.
Coube a outro cientista da mesma universidade, o também biólogo Keith Cheng - que se dedica ao estudo do câncer no nível celular - explicar geneticamente a passagem da cor negra para a branca na pele dos europeus. O responsável foi uma mutação do gene SLC24A5, que regula a quantidade de melanina no organismo.
O gene que descolore a pele é capaz de dar uma insólita lição à humanidade. "Essa mutação", diz o professor Cheng, "foi determinada pela variação de uma única letra do código genético. Somente uma letra", ele enfatiza. A observação é importante, anota a bióloga Barbara Bernardini, porque o DNA humano contém cerca de 3 milhões de letras.
A ORIGEM DA COR NAS RAÇAS HUMANAS AO MICROSCÓPIO É TÃO INSIGNIFICANTE QUANTO ESTARRECEDORA, POIS FOI CAPAZ DE PRODUZIR POLÍTICAS COMO O APARTHEID
DIGA NÃO AO PRECONCEITO!!!
“Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” Galatas 3:28
Fonte: Revista Planeta/ imagem internet
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