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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dr.Google - um aliado junto aos médicos

 A segunda opinião médica pela rede



O caso do paciente brasileiro descrito abaixo é exemplo do que vem ocorrendo em diversas partes do mundo com a ajuda da internet:

O executivo Eduardo Marafanti, de 47 anos, lembra-se com detalhes do dia em que recebeu a pior notícia de sua vida. Foi há dois anos. Os resultados de exames que fez durante um check-up de rotina trouxeram um diagnóstico terrível. Ele tinha uma doença grave do sangue conhecida como leucemia mielóide crônica, uma espécie de câncer. Pelas previsões, baseadas na evolução de casos semelhantes, Marafanti teria pouco tempo de vida. O cálculo do seu médico era de que ele viveria um ano e meio, quando muito. "É terrível ouvir a sentença de morte e saber que não há praticamente nada a fazer a respeito", lembra ele. Marafanti seguiu as prescrições médicas, mas nenhuma das tentativas de tratamento fez efeito. No final do ano passado, já convencido de que não havia solução para seu caso, veio o milagre. Marafanti soube, por intermédio de uma irmã, que uma nova droga para tratar exatamente o tipo de leucemia que o acometia vinha sendo desenvolvida por um pesquisador da universidade do Oregon, em Portland. Ansioso, ele procurou informações com seus médicos. Eles nada sabiam a respeito da pesquisa pioneira. Marafanti teve a idéia de recorrer à internet. Foi o que o salvou.
Ele localizou e acessou as páginas da universidade na internet (www.uoregon.edu). A partir daí, gastou duas horas de navegação para descobrir o nome e o e-mail do responsável pela pesquisa, o hematologista Brian J. Druker. Mandou uma mensagem em inglês com um relato detalhado do caso. Para sua surpresa, recebeu a resposta ao cabo de poucas horas. Depois de uma rápida troca de mensagens com Druker, em que forneceu detalhes de seus exames de sangue, ele foi aceito como voluntário num programa de uso experimental da droga conhecida pelo código STI571 e fabricada pelo laboratório Novartis (www.novartis.com). Quatro dias depois do primeiro contato, ele estava a bordo de um avião a caminho de Portland. Conversou longamente com Druker a respeito da doença e tomou as primeiras doses do remédio. Voltou ao Brasil e, três semanas depois, veio a novidade. Um dos efeitos da leucemia é multiplicar a taxa de glóbulos brancos, as células do sangue responsáveis pelo combate às infecções, a um ponto acima do suportável pelo organismo. Antes do tratamento, a taxa de leucócitos no sangue de Marafanti era de 70 000 por milímetro cúbico. Em três semanas, baixou para 3 500 por milímetro cúbico, nível considerado normal. "Não tenho dúvida de que devo a vida à rede", diz Marafanti, que é diretor da Cotia Penske, uma empresa de logística. "Sem ela, eu não chegaria ao doutor Druker a tempo." O médico vem acompanhando pela rede a evolução do tratamento de seu paciente brasileiro. Regularmente, o executivo faz exames de sangue no Brasil e manda o resultado por e-mail para os Estados Unidos.
O médico responde com novos conselhos, ao mesmo tempo que calibra o tratamento prescrevendo doses diferentes da droga trazida por Marafanti e que o tem mantido num quadro de remissão da doença. Alguns pacientes tratados com o novo medicamento usam agora a internet para relatar suas experiências (www.newcmldrug.com).
Pacientes com iniciativa, conhecimento de idiomas estrangeiros e inconformados com a última palavra do médico têm mergulhado nas páginas médicas on-line em busca de esperança.
"A internet está mudando rapidamente o comportamento de alguns pacientes", diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo.
"A internet facilitou o acesso das pessoas a informações sobre doenças que antes eram restritas aos médicos." Isso vem acontecendo em larga escala. Meses atrás, o nefrologista Décio Mion, chefe da Liga de Hipertensão do Hospital das Clínicas de São Paulo, atendeu um paciente com uma doença grave. Mion explicou o caso e prescreveu o tratamento, mas não revelou o nome do problema. Na consulta seguinte, o médico foi surpreendido pelo doente, que já entrou no consultório com o nome da doença na ponta da língua: hiperandosteronismo primário. Entre um encontro e outro, o paciente foi à internet, pesquisou tudo a respeito e apresentou-se ao médico muito bem preparado. Ele acertou. Mion não se incomodou com a iniciativa. "Por um lado é bom. Quanto mais bem informado estiver, mais o paciente se envolverá com o tratamento", diz ele.
O volume de informações sobre saúde posto à disposição do público leigo pela internet é visto como um avanço por boa parte dos médicos. Alguns apontam pontos negativos. "As informações da internet podem dar uma falsa segurança e induzir à automedicação", diz o médico Mário Maranhão, de São Paulo, presidente da Federação Mundial de Cardiologia. É mais fácil comprar remédio na rede. Há alguns dias o FDA, o organismo que controla a produção e a venda de medicamentos nos Estados Unidos, fez um apelo ao Congresso americano. Pediu a criação de uma lei que puna com rigor as farmácias que vendem medicamentos sem receita médica via internet. Outra questão a considerar é a qualidade da informação disponível na rede. Com um computador, uma linha telefônica e um modem, qualquer charlatão pode criar uma bela página de saúde e colocar ali a informação que julgar apropriada. A fronteira que separa o simples bate-papo de uma informação que potencialmente pode vir a salvar uma vida é tênue na rede. Um bom conselho: "O nome dos especialistas, a instituição a que pertencem e sua qualificação devem estar bem claros nas páginas que merecem alguma confiança", diz Maranhão. É óbvio, mas não custa repetir: navegar na internet não pode substituir a ida ao médico.
 

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