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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Quilombo dos Palmares - Um Marco da História do Brasil

 
 

  
 A palavra quilombo tem sua origem da palavra “kilombo, do idioma Mbundu dos bantus, povos da região onde hoje é o país de Angola; e quer dizer o mesmo que acampamento ou fortaleza. No Brasil, se tornou um termo diretamente ligado ao período de trabalho escravo, para designar as comunidades em lugares de difícil acesso, onde escravos insatisfeitos com sua própria condição, fugitivos de seus senhores naquele período (séc. XVI, XVII e XVIII) se refugiavam, se uniam e se organizavam, de forma econômica, política, religiosa, social e militar, conforme a cultura que traziam de suas terras natais.

Os primeiros quilombos brasileiros remontam ao primeiro período de Brasil Colônia, assim que se substituiu gradativamente a mão de obra indígena pelo braço forte dos africanos (a partir de 1548), sem precisar datas; porém, tendo uma organização mais aprimorada e uma pseudo expansão em meados de 1590 em diante. 
          

O quilombo mais conhecido na história do Brasil é o Quilombo dos Palmares, que se situa onde é o município de União dos Palmares, região no Estado de Alagoas, antes pertencente à capitania de Pernambuco, na região da Serra da Barriga, no período regido por capitanias hereditárias. O nome Quilombo dos Palmares se deu devido à vasta e densa vegetação predominantemente formada por palmeiras da região. Os primeiros escravos chegaram aos Palmares aproximadamente em 1580 e eram fugitivos de engenhos de produção açucareira das capitanias de Pernambuco e da Bahia.
 
EscravoPrimeiramente eram liderados por Ganga Zumba, um descendente da linhagem de um reino tribal da Angola que liderava, organizava e recebia constantemente novos recém-chegados ao quilombo. Teve o seu ápice em população e organização no período de 1624 a 1654, onde dados históricos registram aproximadamente 35 mil habitantes, espalhados em uma área de mais de 200 km. de extensão, passando por diversas investidas das tropas coloniais e até de invasores holandeses.


Sempre reconhecidos por sua grande habilidade militar e capacidade de organização em sociedade, os quilombolas dos palmares resistiram por mais de 100 anos sem que fossem dominados ou dissipados.

Num período em que a colônia propôs um acordo de trégua com os quilombolas, prometendo liberdade aos que eram nascidos nos Palmares e restringindo a recepção de novos fugitivos, Ganga Zumba, então líder dos Palmares, aceita o termo, que mais tarde seria descumprido pela colônia. Após uma morte por envenenamento, assume a liderança o sobrinho de Ganga Zumba, o conhecido Zumbi, em que, sob sua liderança, o Quilombo dos Palmares teve o seu maior reconhecimento por sua exímia liderança militar.
 
 
Capitanias
Depois de um século de constantes ataques e tentativas de acordos frustradas em tentar acabar ou diluir os fortalecidos negros palmarinos, Zumbi é traído por um de seus aliados, que havia sido capturado por tropas de bandeirantes lideradas por Domingos Jorge Velho. Foram contratadas pela capitania de Pernambuco, entregando, assim, o paradeiro do líder quilombola que se encontrava ferido e escondido, o qual, sendo encontrado, foi morto decapitado e teve sua cabeça exposta em Recife. 
       



 
Após a morte de Zumbi (1695), Palmares sem uma referência de líder, se dissipa e os refugiados foram espalhados pela região, foram mortos ou mesmo recapturados.

Mesmo com a dissolução do Quilombo dos Palmares, no Brasil, esses tipos de comunidades, de uma forma ou de outra, nunca deixaram de existir em praticamente todas as regiões do país, ainda que em número e expressividade menores devido ao fim do escravismo.

 

Quilombos Remanescentes
 
       Quilombo dos Palmares
 
 
Dados da Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura, revelavam que, ao final do ano de 2010 existiam 1.170 comunidades quilombolas certificadas e mais 3.524 em uma fila de espera para reconhecimento e certificação pelo Governo Federal, espalhadas por todas as regiões do Brasil, com uma população estimada em mais de 2,5 milhões de descendentes de escravos libertos habitando nelas. Porém, outros dados de organizações do movimento negro que também fazem esse tipo de levantamento estimam que esse número de comunidades remanescentes deve ultrapassar os 5.500.

A Constituição Federal de 1988 assegurou aos quilombolas o direito às terras em que vivem e o decreto nº 4887, de 20 de novembro de 2003, oficializa o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas. Porém, ainda hoje, grande parte dessas comunidades remanescentes ainda não teve suas terras tituladas.
A questão territorial das comunidades quilombolas é um assunto complexo de ser abordado: por um lado, verifica-se o direito legítimo à terra conquistada por seus antepassados, segundo reza a Constituição Federal; por outro, a dificuldade em se atender à demanda de terras em tempos de crescimento da população brasileira, que aumentou 5 em número de habitantes de 1950 a 2011, e que sofre com a má distribuição de terras.

O INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), calcula que, se forem atendidos todos os pedidos de titulação para comunidades quilombolas no Brasil, teria que titular uma área total de 25 milhões de hectares, o equivalente ao tamanho do estado de São Paulo (25,8 milhões de hectares).

A comunidade quilombola dos Palmares onde viveram Ganga Zumba, Zumbi e seus aliados, no município de União dos Palmares, em Alagoas, é a mais conhecida, dada a contribuição do Quilombo dos Palmares para a história, e ainda tem residindo e vivendo, famílias descendentes de negros que lutavam à época do regime escravocrata.

A Comunidade de Quilombo Lagoas, localizada em áreas entre os municípios de São Raimundo Nonato, Fartura, Várzea Branca, Dirceu Arcoverde e São Lourenço, no estado do Piauí, é a maior comunidade oriunda de um quilombo ainda existente no Brasil, composta por uma população de 1498 famílias, com uma área estimada em mais de 62 mil hectares.

 
 
 
 
 
 
[Sinceramente, se as pessoas tivessem uma mente de Igualdade e Fraternidade,  não haveria a necessidade de ter um dia da consciência negra, ou um dia da consciência de qualquer que seja o motivo. Infelizmente não temos nem um décimo  da mente de Cristo...]
 

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