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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O tesouro de Tróia

Aquiles arrastando Heitor
Certamente vocês conhecem a história de Tróia. A bela Helena, Páris, o herói Aquiles e o presente dado aos troianos pelos gregos o cavalo de Tróia, muito bem relatada por Homero nas Ilíadas. Acontece que era, até então, apenas um poema. Mas a arqueologia tem feito descobertas maravilhosas sobre o mito de Tróia.
A Ilíada é uma sucessão de batalhas sangrentas no décimo e último ano do cerco de Tróia pelos gregos, que termina com a destruição da cidade. Em meio à luta, rememora-se que o príncipe troiano Páris, filho do rei Príamo, foi chamado a decidir qual das deusas — Hera (esposa de Zeus), Afrodite (deusa do Amor) ou Atena (a Sabedoria) — merecia a maçã (pomo) de ouro dedicada "à mais bonita" pela deusa Éris (a Discórdia). Daí a expressão "pomo da discórdia".
Em troca da vitória, Afrodite oferece a Páris o amor da "mulher mais bela do mundo", Helena, a esposa de Menelau, rei de Esparta — e vence o concurso, é claro. Páris vai para a Grécia onde seduz e rapta a fatal Helena. Para resgatá-la, os gregos reúnem tropas de várias cidades, sob o comando de Agamenon, irmão de Menelau, e atacam Tróia.
A luta dura dez anos. Tróia resiste. Os deuses se dividem: Hera, Atena e Poseidon (deus do mar) apóiam os gregos. Afrodite, Apolo (deus do sol) e Ares (deus da guerra) apóiam os troianos. Ulisses e Aquiles são os heróis gregos e os irmãos Heitor e Páris os heróis troianos.
No final, com ajuda de Atena, os atacantes constroem um grande cavalo oco de madeira, o Cavalo de Tróia, escondem guerreiros no seu interior e o abandonam em frente à cidade, fingindo bater em retirada. Os troianos trazem o troféu para dentro das muralhas e, à noite, os gregos saem, abrem os portões, invadem e destroem a cidade. Foi o Cavalo de Tróia que consagrou a expressão "presente de grego".



O tesouro de Tróia

Em 1873, um tesouro de 4 500 anos foi descoberto em Tróia, na Turquia. Em 1945, ele desapareceu, em Berlim. Agora, ressurgiu em Moscou, reabrindo a controvérsia sobre a pré-história grega e a lenda do Cavalo de Tróia. A ciência já descobriu que partes do mito são muito, muito reais.

Quando os soviéticos avançaram sobre a Alemanha nazista em 1945, os soldados encontraram, no subsolo do Jardim Zoológico de Berlim, onze caixas de madeira do Museu de Pré-História e História Antiga. Dentro, bem embrulhadinhas, havia 259 relíquias descobertas pelo arqueólogo Heinrich Schliemann em 1873, em Tróia, na Turquia.


Um tesouro de joias, estátuas, armas, taças, ânforas (vasos com duas alças) e urnas de ouro, prata e bronze, de 4 500 anos de idade, que Schliemann batizou como o "Tesouro de Príamo", atribuindo-o ao personagem que aparece como rei de Tróia no poema Ilíada, de Homero.
Secretamente, tudo foi empacotado de novo e enviado para Moscou. Durante cinquenta anos, as joias ficaram escondidas no porão do Museu Pushkin, para evitar pedidos de repatriação. Na verdade, entre 1945 e 1947, 200 000 objetos de arte, 2 milhões de livros e 3 quilômetros de arquivos, segundo os alemães, foram expropriados pelos soviéticos, como indenização de guerra, e transferidos para a Rússia. Com o fim da guerra fria e a liberalização política, criou-se o clima para descongelar a história. Em 1994, finalmente, o Museu Pushkin exibiu o acervo de livros que pertencia originalmente ao Museu do Livro de Leipzig, na Alemanha. Agora, chegou a vez do tesouro mitológico de Tróia.
A mostra O Ouro de Tróia está exposta ao público e especialistas. Pesquisadores da Inglaterra, da Grécia, da Turquia, da Alemanha e dos Estados Unidos ajudaram a identificar e a catalogar as peças.
Entretanto, fora os russos, ninguém está contente. A Alemanha quer seu patrimônio cultural sequestrado de volta, e recusou o empréstimo de outros itens de Schliemann à exposição. A Turquia, que não se recuperou até hoje da perda do tesouro, mandou comunicados a Berlim e a Moscou reivindicando a posse de tudo. E a Grécia, que, afinal, conquistou Tróia, também reivindica direitos sobre os bens — que os russos não pensam em ceder. Haja complicação.

O primeiro pop star da Arqueologia

Schliemann era um menino pobre, deslumbrado com a Grécia e com a imaginação incendiada pela visão de Tróia em chamas, cantada por Homero, na Ilíada. Acreditava que o poema tinha fundamento histórico.
Em 1868, depois de estudar os clássicos e Arqueologia em Paris, anunciou que Tróia não estava onde todos a procuravam, em Bunarbashi, na Turquia, e sim na colina de Hissarlik, onde o inglês Frederick Calvert escavara solitariamente. Em 1871, comprou o monte todo, empregou 180 trabalhadores e começou a cavar — com muita energia e pouca ciência. Convencido de que a cidade homérica estava no fundo, rasgou a colina de alto a baixo, destruindo boa parte das camadas arqueológicas superiores. Mas foi achando milhares de objetos de épocas e culturas diferentes. Em 1873, a 8,5 metros de profundidade, encontrou restos de uma cidade antiquíssima. Catalogou 8 830 objetos descobertos (... sim, ele contava cada conta de um colar como um item), identificou sete Tróias de diferentes períodos, proclamou Tróia 2 como a cidade da Ilíada e, num gesto quase teatral, atribuiu as joias a Príamo — sem a menor evidência de que o rei tivesse existido.
A vila de Tróia
Foi uma sensação. E um escândalo. Muitos especialistas rechaçaram seu trabalho e muitos o saudaram com assombro. O público europeu, sobretudo, maravilhou-se — motivado, especialmente, pelas notícias românticas das descobertas que o próprio Schliemann escrevia para os jornais.
Em 1874, começou outra escavação, em Micenas, na Grécia. Em dois anos, desenterrou outro tesouro e seis túmulos, com dezesseis corpos adornados, entre os quais identificou nada menos que os de Agamenon e Clitemnestra, o rei e a rainha que convocaram a guerra contra Tróia — sua velha idéia fixa. Erro grosseiro.
Em 1883, voltou a cavar em Hissarlik com a credibilidade reforçada pela companhia de antropólogos e arqueólogos. Entre eles, Wilhelm Dörpfeld que reorganizou a estratografia de toda a escavação (a descrição e identificação das camadas).
Depois da morte de Schliemann, Dörpfeld encontrou nove Tróias diferentes, em vez de sete. E corrigiu a datação das jóias para 2500 a 2200 a.C., indicando Tróia 6 como a cidade homérica. Em 1932, o arqueólogo americano Carl Blegen reviu tudo, outra vez, e definiu Tróia 7 como a lendária. Schliemann errou muito, mas descobriu Tróia e ampliou sua história até a Idade do Bronze (300-1000 a.C.). Além disso, descobriu a civilização de Micenas (1600-1200 a.C.). E, antes de morrer, apontou para a civilização minóica, em Cnossos (3000-1100 a.C.), na Ilha de Creta, onde pretendia escavar, e que foi achada dez anos depois. Era muito mais do que um amador. Foi um visionário e um pioneiro.

máscara de Agamenon

Site do museu em Moscou
www.arts-museum.ru

Link da mostra
arts-museum.ru

Fonte:SuperInteressante/imagens internet

2 comentários:

Anônimo disse...

Artigo muito interessante e abrangente, gostei :)

Marcia Machado disse...

Obrigada! Apareça mais vezes! :)