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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Alimentação Natural para os Pets - a dieta caseira

 
Estes dias li uma mensagem deixada no facebook sobre um cachorrinho que estava doente e a dona, por conta, tirou a ração e passou a dar comida feita por ela. Em pouco tempo o pet se recuperou totalmente da doença. Pesquisando, encontrei este site que compartilho com vocês. Tenho uma cachorra que sofre com problemas de alergia na pele. Quando criança, também tive vários cachorros e na época não era costume dar ração como nos dias de hoje, e todos eles viviam bem. Acredito no uso da ração industrializada, mas há rações e rações...
 
 
Meu nome é Sylvia Angélico, sou formada em Jornalismo e em Medicina Veterinária. Moro com quatro cães e, embora adore gatos, no momento infelizmente não convivo com nenhum. Vou contar um pouco de como nasceu o Cachorro Verde.
É engraçado, porque não pensava em trabalhar com a área de nutrição de pets quando ingressei na faculdade de veterinária. Aliás, até 2007, eu só acreditava em ração como alimento adequado para cães e gatos. Era daquelas chatas que entravam em fóruns online para dar lição de moral em quem oferecia frutas e carnes com a ração dos bichos.
Felizmente, alguns pontos de vista fizeram com que eu revisse meus conceitos. Um deles veio de uma moça que, nos idos tempos do orkut, divulgava a dieta BARF que adotara havia alguns anos para os cachorros dela. (Para quem não conhece, a BARF – abreviatura em inglês para “Dieta Crua Biologicamente Adequada” – é uma das dietas naturais pioneiras, consolidada no final de 1980 pelo veterinário australiano Ian Billinghurst.) A moça contava de dentes mais brancos, de hálito mais suave, de redução de queda de pelos – tudo isso com uma dieta pra lá suspeita, à base de carnes e ossos crus, com outros alimentos naturais. Até então, veja só, eu achava que alimentar pets com comida era coisa de gente desocupada e mal informada. E que uma dieta à base de ossos crus só podia acabar provocando perfurações e verminoses nos pets. Mas não tinha como não ficar no mínimo um pouquinho curiosa.
Essa fagulha acesa pelo contato com a BARF veio ao encontro do desencantamento que comecei a sentir nos primeiros dos anos da faculdade. Eu estava achando os tratamentos ensinados na grade curricular obtusos, agressivos demais e desatentos às peculiaridades de cada paciente.
Basicamente aprendíamos que tudo é tratável somente com anti-inflamatórios, antibióticos ou algum outro “anti”. Que o controle só é possível pela antagonização dos sintomas. Não se falava em apoios fundamentais, como a substituição de hábitos deletérios por hábitos benéficos, nem em fortalecimento da capacidade de regeneração do organismo com dieta, exercícios, ervas ou qualquer outra medida que fosse.
Foi quando uma colega de sala me emprestou um livro que transformou minha concepção de doença e de saúde: “A Cura Natural para Cães e Gatos”, da Diane Stein.  Era a primeira vez que eu lia conceitos radicalmente opostos a tudo o que aprendi sobre tratamentos, vacinas e alimentação para pets. No início, eu não sabia o que fazer com essas informações e me senti sozinha investigando o “outro lado” de condutas tão amplamente recomendadas.
Mas resolvi insistir nas pesquisas e, ao fazer uma busca mais aprofundada na Internet usando palavras-chaves em inglês, me deparei com uma infinidade de blogs, fóruns, livros e vídeos ensinando o preparo de comida em casa para cães e gatos. Gente de todas as partes do mundo – Estados Unidos, Canadá, países da Oceania, Europa etc –  promovia dietas cruas, cozidas, com grãos, sem grãos etc. De repente eu não estava mais sozinha!
Importei meia dúzia dos principais livros sobre dieta caseira e saúde natural para pets da época. Em pouco tempo o conceito todo passou a fazer muito mais sentido para mim do que a ração seca, geralmente preparada com subprodutos da nossa indústria alimentícia e lotada de aditivos pra lá de controversos.
Ora, por que não oferecer aos nossos peludos uma dieta rica, fresca e variada, preparada por nós com o mesmo carinho com que preparamos refeições para nossos familiares e amigos? Até bem pouco tempo era assim que as pessoas alimentavam seus bichos. Quem é que não se lembra de um cão ou gatinho da vovó ou da titia que viveu muitos e muitos saudáveis anos recebendo comida caseira?
Era hora de partir para a prática! Passar minha turma canina da ração seca que receberam até então para a alimentação natural. Comecei justamente pela BARF, primeiro modelo com que tive contato. Achei fascinante a ideia de replicar no ambiente urbano a dieta ancestral dos lobos e felinos selvagens. Afinal, ninguém sabe melhor que a natureza como nutrir esses animais, e nossos peludos são réplicas domésticas deles.
Em abril de 2008 elaborei a versão beta de um cardápio de BARF para meus cães. Da noite para o dia a turma passou a comer pedaços de carne com ossos, vísceras e legumes – tudo cru! – juntamente com alguns extras que forneciam nutrientes benéficos, como iogurte, levedura de cerveja em pó, alho cru picadinho e azeite de oliva.
Com poucos dias do novo cardápio, os benefícios já eram notados: pelos brilhando muito, queda reduzida, dentes mais brancos e hálito mais agradável, mais disposição para brincadeiras e, talvez o mais impressionante – fezes muito mais sequinhas, menores e quase sem cheiro. Uma das minhas cadelas sofria de otite crônica de três em três meses, religiosamente. Seus ouvidos inflamavam e cheiravam a salgadinho de milho. Com a nova dieta, nunca mais ela voltou a ter otite. Dois cães que vinham se coçando com a ração, pararam. Um deles não emagrecia de jeito nenhum comendo pouquinha ração, mas rapidamente desinchou com a dieta caseira.
Naquele momento decidi me dedicar ao estudo da nutrição pet para entender melhor o poder dos alimentos naturais e os motivos por trás de tantas vantagens. Também comecei a pensar numa maneira de canalizar gratuitamente essas valiosas informações a todos os que buscam alimentar cães e gatos de forma realmente saudável.
Assim, em junho de 2008 nasceu o blog Cachorro Verde. Em pouco tempo – e sem fazer propaganda – o blog atingiu pessoas do Brasil inteiro – e até de outros países. Em questão de meses o endereço ficou pequeno para tanto conteúdo. Finalmente, em setembro de 2008 o blog deu lugar ao site Cachorro Verde, o primeiro portal brasileiro dedicado à divulgação de dietas caseiras cruas e cozidas para cães e gatos.
O ano seguinte, 2009, trouxe uma surpresa desagradável: graves ameaças feitas por fabricantes de rações representados pela então ANFAL PET (Associação Nacional de Fabricantes de Alimentos para pets). Jornalista graduada e crente na liberdade de expressão, eu não conseguia acreditar. Pareceu-me um exagero ver tanta truculência direcionada a um site sem fins lucrativos, mantido por uma estudante de veterinária.
O ataque da indústria foi motivado principalmente por um artigo de minha autoria com muitas e muitas páginas detalhando os potenciais malefícios associados às rações secas convencionais. O texto era recheado de passagens traduzidas de livros e sites escritos por pesquisadores e veterinários e as informações veiculadas eram realmente alarmantes, ainda que não citassem claramente os nomes de marcas de ração.
No pacote do bullying estava uma carta-ofício que foi remetida ao CRMV (nosso conselho de classe) informando ao órgão de minhas atividades e uma visita de um agente da ANFAL à minha faculdade, que felizmente foi tratada como a tolice que era pelo coordenador do curso. Entre ameaças absurdas de processo, boatos de tentativa de impedimento à minha graduação e contratação de advogado – um período de dois meses em que chegamos a tirar o site do ar – travamos um acordo com a ANFAL de sumir com o famigerado artigo anti-rações. (O artigo, à nossa revelia, foi copiado e difundido por toda a Internet, estando disponível até hoje em alguns blogs…)
Quando há repreensão indevida, é claro que o tiro sempre sai pela culatra. Com o site fora do ar por dois meses, muita gente ligou, mandou email e se inteirou do que houve. A solidariedade ao site cresceu e a comunidade pró-dietas caseiras se fortaleceu.
Muitas lições aprendidas. Para ambos os lados. Mas felizmente o susto passou, o site voltou ao ar, eu me formei e hoje dou o meu recado com um pouco mais de cuidado.
Desde então, nossa comunidade de adeptos só faz crescer. Somos centenas pelo país, senão milhares. Com um número cada vez maior de veterinários e zootecnistas favoráveis à iniciativa, finalmente nos aproximamos dos países onde as “ANs” (apelido carinhoso da Alimentação Natural) são bem consolidadas.
Hoje trabalho atendendo consultas de nutrição caseira e ministrando cursos sobre as nossas dietas em diversas capitais do país.
 
 
Mais informações em:
 

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