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quinta-feira, 16 de maio de 2013

A escoliose em músicos e dançarinos







Duas atividades artísticas, em alguns aspectos o oposto, por um lado a mobilidade máxima, por outro a imobilidade máxima, mas eles compartilham alguns aspectos entre si. A idade de iniciação, empenho e sacrifício. E o risco de degeneração articular ...

Escoliose e patologias osteoarticulares em músicos e dançarinos

A música e a dança, duas formas de expressão artística, que apesar de muito diferente uma da outra têm alguns pontos em comum: a perseverança, empenho e sentido de sacrifício necessário para alcançar um desempenho em níveis elevados, permitindo que jovens desejem aspirar pelo profissionalismo. Outro tema comum é o período de iniciação. Muitas vezes você se aproxima dessas atividades em idade muito precoce, com uma intensificada carga de treinamento, precisamente durante o período mais crítico do crescimento ósseo: a puberdade.

Se pensarmos os efeitos potenciais nocivos ou os fatores de risco para o surgimento de doenças do sistema osteomuscular, essas duas artes, no entanto, são opostas: a música, com as suas sessões, exige que os músicos mantenham a mesma posição por longos períodos, posições que muitas vezes são assimétricas e sobrecarregam algumas articulações mais do que outras. A dança, com o seu dinamismo e a constante busca por uma hipermobilidade e o gesto perfeito como extremo, exige das articulações de uma forma mais dinâmica.


 

O risco de degeneração articular existe, embora por razões diferentes para ambas as formas de arte. O mecanismo patogênico principal, ou seja, o mecanismo que conduz à degeneração e dor nas articulações, é atribuível à intensidade das cargas de trabalho, para a qual o seu corpo é submetido. Muitas vezes, no espírito de sacrifício, distúrbios são subestimados ou ignorados, até porque eles são considerados uma consequência normal das sessões de treinos longos ou do treinamento. Muitas vezes, os jovens artistas escondem suas doenças, com medo de ter que sair do meio profissional, ou por questões de concorrência,  "se eu não posso fazer isso alguém vai tomar o meu lugar." Se, para os dançarinos os exames médicos são mais frequentes, para os músicos não existe uma rotina periódica ou de controle.
 Recentemente foi publicado o estudo "A escoliose em músicos e dançarinos" (HA Bird, Sofia Ornellas Pinto), no qual os autores descrevem e comparam três casos: dois músicos e um dançarino de diferentes idades e com diferentes problemas. Mais do que apenas a escoliose, as questões levantadas nesses três casos se relacionam com o sistema musculoesquelético em uma visão mais geral. O caso mais especial é a de uma jovem violoncelista, com a paixão, tanto para a dança, quanto para música. Esta menina tinha uma hipermobilidade acentuada que tinha favorecido o sucesso na dança, mas, devido à ocorrência de uma escoliose  quando adolescente, ela foi desaconselhada a continuar com a prática da dança e, como resultado, começou a dedicar-se inteiramente à música. No entanto, essa atividade também expôs a paciente a uma piora progressiva dos sintomas que envolvem o sistema musculoesquelético. Neste caso, os autores destacam como a proibição da prática pode ser prejudicial e causar ainda uma piora do quadro. Na prática, a jovem violoncelista passou de hipermobilidade para uma hipomobilidade, e sabemos como o extremismo pode ser prejudicial em ambos os casos.

"Em caso de doença na coluna ou outras articulações, explica a Dra. Sabrina Donzelli, fisiatra do ISICO - a primeira coisa a fazer é definir um tratamento específico apropriado e, especialmente, para não parar suas atividades, mas sim complementá-las e compensá-las. Não há como negar que pode ser necessário, as vezes,  reduzir a carga um pouco ou as sessões de práticas, mas são escolhas temporárias e preventivas que oferecem as condições necessárias para uma longa carreira artística. O risco, de fato, é que você pode chegar a necessidade de abandonar a atividade por invalidez total caso não faça o tratamento correto e não esteja atento as orientações preventivas".
 
O crescimento durante a puberdade pode ser um momento de grande vulnerabilidade, cada um tem suas próprias fraquezas: "A melhor modalidade é aquela que oferece um programa de treinamento mais individualizado - conclui a Dra. Donzelli - precisamos ensinar as crianças a ouvir os seus sinais corporais e trabalhar para compensar aquilo que mais lhe prejudica. Aqueles com talento podem ter uma longa carreira cheia de sucesso e também com muita  saúde. "
 
 

Um comentário:

Matheus Barros Nascimento disse...
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