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terça-feira, 16 de abril de 2013

Pesquisa da USP investiga aprendizagem motora em pacientes com AVC









As pessoas que já sofreram um Acidente Vascular Encefálico ou Cerebral (mais conhecido por AVC) enfrentam inúmeras dificuldades na hora de realizar tarefas do cotidiano, uma vez que a lesão limita os movimentos. Entretanto, aos poucos elas podem reaprender essas habilidades por meio de um processo de reabilitação. Uma pesquisa desenvolvida durante quatro anos na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP buscou dar subsídios para compreender e, consequentemente, facilitar esta recuperação. 
  
Vinculada ao Laboratório de Comportamento Motor (Lacom) da EEFE, a pesquisa da professora Camila Torriani-Pasin procurou analisar como acontece o processo de aprendizagem motorade uma habilidade manual realizada com os membros superiores em pacientes que tiveram um AVC. Com essa finalidade, 22 pacientes foram submetidos constantemente a testes que envolviam pequenas tarefas do dia-a-dia, como pegar e encaixar objetos.
“A ideia é tentar investigar como eles [os pacientes] lidam com isso conforme vão repetindo o mesmo movimento; como fazem para realizá-lo de forma mais eficiente, mais rápida e com menor gasto de energia”, conta a docente.
Segundo ela, todos os pacientes eram crônicos, ou seja, já conviviam com a lesão há mais de seis meses; havia alguns, inclusive, que já a tinham há dois anos. E ao contrário do que se poderia supor, todos demonstraram que ainda conseguem aprender novas habilidades. “É muito interessante saber que mesmo depois de seis meses ou mais de lesão, o cérebro ainda continua ativo e essa pessoa ainda tem a possibilidade de aprender novas tarefas”, afirma.
Outro resultado interessante da pesquisa se refere à importância do lado do cérebro em que a lesão ocorre. De acordo com a professora, os pacientes que tiveram o hemisfério esquerdo afetado apresentaram mais dificuldades em executar as tarefas e reter o que havia sido aprendido. Isso acontece porque, apesar de o cérebro funcionar de forma integrada, o planejamento motor é de maior responsabilidade do lado esquerdo. Logo, qualquer lesão nesse lado vai afetar a capacidade de o paciente planejar suas ações de forma mais significativa do que aquelas do lado direito.


Impacto no tratamento - Essas novas descobertas representam uma importante ferramenta de auxílio na reabilitação dos pacientes com AVC, pois a partir do conhecimento do lado em que ocorreu a lesão, pode se determinar qual a melhor estratégia para o tratamento. “Para fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e profissionais da educação física, isso significa poder escolher atividades que possam estimular mais áreas encefálicas em que aconteçam as maiores dificuldades, que apresentem mais problemas para aquele paciente no dia-a-dia”, constata Camila.
Além disso, a professora conta que a observação do modo como a aprendizagem do paciente evolui pode ajudar a inferir sobre como o cérebro está se recuperando. Uma vez que uma das áreas do órgão é lesionada, as outras ao redor tentam assumir sua função; assim, “se o paciente tem a habilidade de aprender, quer dizer que uma adaptação cerebral também está acontecendo”, diz a professora.
Tendo em vista os resultados positivos, a pesquisadora afirma que há planos de dar continuidade ao estudo, dessa vez com novas abordagens: “vamos fazer a mesma comparação e investigar o mesmo fenômeno, talvez com tarefas relacionadas aos membros inferiores, ao caminhar, ou a outras propostas de membros superior”, conta.


O laboratório - O Lacom já existe há 22 anos e investiga o comportamento motor em diferentes populações e situações. Atualmente com nove projetos, suas duas linhas de pesquisa estudam a aprendizagem de habilidades motoras e o desenvolvimento destas.
Na primeira, denominada Organização da resposta motora e aquisição de habilidades motoras, pesquisa-se como fatores como quantidade de prática e fornecimento de instruções e feedbacks podem influenciar na forma em que a pessoa aprende certas habilidades, como as esportivas e as do dia-a-dia.
Já a segunda, Análise e diagnóstico do desenvolvimento motor, abrange a questão do desenvolvimento motor humano, com pesquisas que acompanham tanto o processo de desenvolvimento infantil como o de envelhecimento em idosos.
Para Camila, a diversidade dos projetos é o ponto forte do Lacom, que conta com sete professores envolvidos e cerca de 30 membros: “esse é o bacana do laboratório , ele é diversificado e a gente acaba se complementando
”.

Texto: Beatriz Amendola
Fonte: USP Online

Publicado em: 22/11/2010

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