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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Ioga é para todos?

Artigo da revista New York Time: Como a ioga pode destruir o seu corpo

Por William J. Broad

Glenn Black é um professor de ioga há quase quatro décadas, cuja clientela devota inclui várias celebridades e gurus proeminentes. Black é, de muitas formas, um yogi clássico: ele estudou em Pune, Índia, no instituto fundado pelo lendário B.K.S. Iyengar, e passou anos em solidão e meditação. Segundo a matéria, Black diz crer que “a grande maioria das pessoas” deveriam desistir da ioga de vez. É simplesmente muito provável de causar algum mal.
Não apenas alunos, mas professores consagrados também, diz Black, se machucam aos montes, pois a maioria tem fraquezas físicas subjacentes ou problemas que tornam os machucados sérios inevitáveis. Ao invés de fazerem ioga, “eles precisam fazer uma série de movimentos para articulação, para a condição dos órgãos” ele diz, para fortalecer as partes fracas do corpo. “Ioga é para pessoas em boas condições físicas. Ou pode ser usado de forma terapêutica. É controverso dizer, mas não deveria ser utilizada pela maioria das pessoas”.
Black aparentemente reconcilia os perigos da ioga com seus próprios ensinamentos dela trabalhando muito em saber quando um aluno “não deveria fazer algo — posições sobre os ombros, sobre a cabeça ou colocando peso sobre a coluna vertebral”. Apesar de ter estudado com Shmuel Tatz, um celebrado fisioterapeuta que desenvolveu um método de massagem e alinhamento para atores e dançarinos, ele reconhece que não tem treinamento formal para determinar quais posições são boas para um aluno e quais podem ser problemáticas. O que tem é “muitas experiência”, como ele diz.
“Vir à Nova York e fazer uma aula com pessoas que têm muitos problemas e dizer ‘OK, vamos fazer essa sequência de posições hoje’ — simplesmente não funciona”.
De acordo com Black, vários fatores convergiram para aumentar o risco de praticar ioga. O maior é a mudança demográfica dos que a estudam. Praticantes indianos de ioga, tipicamente se agachavam e sentavam de pernas cruzadas no dia-a-dia, e posições de ioga, ou asanas, foram uma derivação dessas posturas. Agora pessoas que vivem em cidades e sentam em cadeiras o dia inteiro entram em um estúdio algumas vezes por semana e se tencionam para se torcerem em posições cada vez mais difíceis apesar de sua falta de flexibilidade e outros problemas físicos.
“Hoje muitas escolas de ioga só querem forçar o limite das pessoas”, diz Black. “Você não pode acreditar no que está acontecendo — professores pulando nas pessoas, empurrando e puxando e dizendo ‘você já deveria estar conseguindo fazer isso nesse ponto’. Isso tem a ver com seus egos”.
Quando professores de ioga o procuram para condicionamento físico após terem sofrido um grande trauma, Black responde “Não faça ioga”.
“Eles olham para mim como se eu fosse louco”, continua Black. “E eu sei que se eles continuam, não vão conseguir aguentar”. Ele falou de renomados professores de ioga fazendo posições tão básicas como cachorro olhando para baixo, na qual o corpo forma um V invertido, tão vigorosamente que eles rasgam o tendão de Aquiles. “É o ego”, ele diz. “O argumento principal da ioga é se livrar do ego”. Ele diz ter visto alguns “quadris horríveis”. “Uma das maiores professoras dos Estados Unidos não tinha nenhum movimento nas articulações do seu quadril”, disse Black. “o encaixe tinha se degenerado tanto que ela teve que fazer uma substituição de quadril”.
Black realizou uma cirurgia na coluna vertebral. O machucado, disse Black, se originou de quarto décadas de encurvamentos de coluna e torções extremas. Ele desenvolveu estenose espinhal — uma séria condição na qual as aberturas entre as vértebras começam a estreitar, comprimindo os nervos espinhais e causando dor excruciante. Black disse que ele sentiu a sensibilidade começar 20 anos atrás quando ele estava saindo de posições como a postura do arado e a postura sobre o ombro. Dois anos atrás a dor se tornou extrema. Um cirurgião disse que sem tratamento ele eventualmente não conseguiria mais andar. A cirurgia levou cinco horas, fundindo várias vértebras lombares juntas. Ele ficaria bem eventualmente, mas estava sob ordens do cirurgião para reduzir a tensão na lombar. Sua gama de movimentos jamais será a mesma.

Fisioterapia com Você: a prática da Ioga, como qualquer atividade física, deve ser muito bem avaliada e indicada. O fato da Ioga ser utilizada em alguns casos, apenas  para aprender a relaxar ou conscientização, não exclui uma avaliação com um profissional qualificado. Muitas pessoas não sabem que possuem algum problema osteomuscular, ou outro, até serem colocadas em alguma posição que desencadeie o problema, muitas vezes causando lesões severas. Como foi dito, nosso corpo é diferente quando comparado ao corpo de um tipico indiano, chinês ou japonês. Há bons profissionais por aí, certifíque-se que estes estejam amparados pelas leis e que tenham experiência e um bom relacionamento interdisciplinar com as demais profissões da área da saúde.  Trocar informações traz benefícios para todos.

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