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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Cirurgia inédita restaura função de mão paralisada

Paciente movimenta a mão após cirurgia inovadora que restaurou as funções do membro
Meses após a cirurgia, paciente tetraplégico de 71 anos recuperou movimento das mãos e já pode se alimentar sozinho e escrever com ajuda

Pela primeira vez, médicos dos Estados Unidos usaram um novo tipo de cirurgia, denominada transferência nervosa, para restaurar a função da mão de um paciente que sofreu paralisia devido a uma lesão na coluna vertebral cervical (veja gráfico abaixo). O procedimento foi publicado nesta terça-feira na revista científica Journal of Neurosurgery.

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A cirurgia foi realizada na parte superior dos braços do paciente, onde se encontram os nervos responsáveis por dobrar o cotovelo. Nesta região, nervos que funcionavam e que já não funcionavam (por causa da lesão) correm em paralelo. Assim, é possível fazer uma "ponte" entre eles. No procedimento, o nervo que controla o movimento de compressão dos dedos polegar e indicador, que não estava funcionando, foi ligado a outro nervo ainda em funcionamento e responsável por dobrar o cotovelo.
Após meses de fisioterapia intensiva, o paciente de 71 anos, paralisado da cintura para baixo e sem o uso das mãos, pôde se alimentar sozinho e escrever com alguma ajuda. "Esta não é uma cirurgia particularmente cara ou complexa demais", diz Susan Mackinnon, da Universidade de Washington e coordenadora da pesquisa. "Não é um transplante de mão ou de face, por exemplo. É algo que gostaríamos que outros cirurgiões no país fizessem", diz.

Caso específico — A lesão do paciente estava no osso mais baixo do pescoço, conhecido como vértebra C7. Pacientes com lesões nas vértebras C7 e C6 não têm função da mão e são considerados tetraplégicos, embora costumem movimentar ombros, cotovelos e pulsos, já que esses nervos chegam à medula espinhal por cima do local da lesão.
Para as pessoas que se machucaram mais acima, ao longo do pescoço, da vértebra C5 até a C1, uma cirurgia assim provavelmente não serviria para restaurar a função da mão e do braço. "Esse procedimento é incomum para tratar a tetraplegia porque não tentamos atuar na medula espinhal, onde está a lesão", diz Ida Fox, cirurgiã da Universidade de Washington. "Ao contrário, vamos aonde sabemos que as coisas funcionam, neste caso, o cotovelo, para poder pegar emprestados ali os nervos e redirecioná-los para dar função à mão."

Recuperação — O progresso do paciente animou os cirurgiões, embora a operação tenha sido feita dois anos após o acidente. Ainda assim, foram necessários oito meses de tratamento depois da cirurgia para que o paciente pudesse movimentar os dedos polegar, indicador e médio da mão esquerda. Dois meses depois, ele conseguiu mover também a mão direita.
Segundo Lewis Lane, chefe de cirurgia de mãos no Hospital Universitário North Shore em Nova York, esse caso traz esperanças. "Algo raro é o fato de o paciente ter 71 anos. Os nervos das pessoas idosas costumam ter menor potencial regenerativo", diz Lane, que não participou da pesquisa.

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